Afro-brasileiro
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O termo afro-brasileiro designa tanto pessoas com ascendência da África subsaariana quanto a influência cultural trazida pelos escravos africanos para o Brasil.
O Brasil tem a maior população de origem africana fora da África. Segundo o IBGE, os auto-declarados negros representam 6,3% e os pardos 43,2% da população brasileira, ou seja, oitenta milhões de brasileiros[1]. Tais números são ainda maiores quando se toma por base estudos genéticos: 86% dos brasileiros têm algum grau de ascendência africana. Devido ao alto de grau de miscigenação, brasileiros com ascendentes da África subsaariana podem ou não apresentar fenótipos característicos de populações negras [2].
A maior concentração de afro-brasileiros está no estado da Bahia, onde 80% da população tem ascendência da África subsaariana[3].
Índice |
História
O Brasil recebeu cerca de 37% de todos os escravos africanos que foram trazidos para as Américas, totalizando mais de três milhões de pessoas. O tráfico de negros da África começou por volta de 1550.
Durante o período colonial, os escravos eram a quase totalidade da mão-de-obra da economia do Brasil, utilizada principalmente na exploração de minas de ouro e na produção de açúcar. Embora tenha sido proibido por várias leis anteriores, o tráfico internacional de escravos para o Brasil só passou a ser combatido através da lei Eusébio de Queirós de 1850, depois da pressão política e militar da Inglaterra.
A escravidão foi diminuída no decorrer do século XIX com a Lei do Ventre Livre e a Lei dos Sexagenários, mas somente em 1888 foi definitivamente abolida através da Lei Áurea assinada pela Princesa Isabel. O Brasil foi a última nação ocidental a abolir a escravidão.
No final do século XIX e início do século XX, os afro-brasileiros mulatos tiveram uma importante partícipação na produção cultural das elites e na política. Nesta época, viveram escritores como Machado de Assis e Lima Barreto, jornalistas como José do Patrocínio, filósofos como Tobias Barreto[4], políticos como o barão de Cotejipe[4], e o notável engenheiro André Rebouças[4] que até tornou-se amigo íntimo da família imperial. No mesmo período, um mulato, Nilo Peçanha[4][5][6][7][8], assumiu a presidência da República, e dois outros, Hermenegildo de Barros[9] e Pedro Lessa[9] tornaram-se ministros do STF. Esta característica da sociedade brasileira, que não tem similar em qualquer outra da América, já vinha ocorrendo desde os tempos coloniais em que mulatos como o escultor Aleijadinho, o arquiteto mestre Valentim e o compositor sacro José Maurício Nunes Garcia reproduziam e inovavam as artes aprendidas com europeus.
A participação dos mulatos na vida intelectual e política brasileira diminuiu abruptamente nos meados do século XX enquanto começam a se destacar os descendentes de imigrantes europeus e sírio-libaneses recém-chegados. Por outro lado, simultaneamente, as formas de cultura popular afro-brasileiras começaram a ser aceitas pelas elites brasileiras e até celebradas como as genuinamente nacionais. As formas de música popular e danças afro-brasileiras tornaram-se então predominantes, destacando-se a fama internacional do samba; mestre Bimba apresenta, em 1953, a capoeira ao presidente Getúlio Vargas que a chama de "único esporte verdadeiramente nacional"; as perseguições às religiões afro-brasileiras diminuem e a Umbanda carioca passa a ser seguida pela classe média-branca[10]; escritores e compositores pertencentes à elite branca, como Jorge Amado, Tom Jobim, Toquinho, Vinícius de Moraes, Geraldo Vandré e Clara Nunes utilizam e celebram as formas musicais e religiões afro-brasileiras; o futebol, esporte inicialmente das elites brancas, passou a ter jogadores negros e mulatos idolatrados por todo país. Chegou-se assim no paradoxo da situação atual em que a cultura afro-brasileira predomina no âmbito popular, mas a participação de afro-brasileiros é pequena na política, na literatura, nas ciências e na produção artística mais erudita das elites brasileiras.
Origens
Os africanos mandados para o Brasil pertenciam principalmente a dois grandes grupos: os oeste-africanos (antigamente chamados de Sudaneses) e os Bantu. Os bantu, nativos de Angola, Congo e Moçambique foram mandados em larga escala para o Rio de Janeiro, Minas Gerais e para a zona da mata do Nordeste. Os Sudaneses, nativos da Costa do Marfim e de influência muçulmana foram mandados em grande número para a Bahia. Outros grupos étnicos menores vindos da África são os Yoruba, Fon, Ashanti, Ewe e outros grupos nativos de Gana, Benim e Nigéria.
Nas décadas recentes, africanos negros têm imigrado ao Brasil[11], especialmente de países que falam português como Angola, Cabo Verde e São Tomé e Principe, em busca de oportunidades de trabalho ou comerciais. De qualquer modo, a sua quantidade é muito pequena em comparação aos afro-brasileiros descendentes de escravos.
Atualmente, há nas universidades públicas brasileiras um número expressivo de estudantes africanos, na maioria provenientes dos países lusófonos, muitos usufruindo de bolsas concedidas em projetos de cooperação internacional pelos órgãos financiadores do Brasil (CAPES, CNPq e outros).
Demografia
Durante os séculos XVII e XVIII, os negros foram a grande maioria da população brasileira. O crescimento da entrada de escravos africanos a partir do século XVI, o extermínio dos indígenas e a relativamente pequena quantidade de colonos portugueses contribuíram para o surgimento de uma maioria de afrodescendentes no Brasil.
Desembarque estimado de africanos | ||||
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Qüinqüênios | Local de desembarque | |||
Total | Sul da Bahia | Bahia | Norte da Bahia | |
Total | 2.113.900 | 1.314.900 | 409.000 | 390.000 |
1781-1785 | 63.100 | 34.800 | ... | 28.300 |
1786-1790 | 97.800 | 44.800 | 20.300 | 32.700 |
1791-1795 | 125.000 | 47.600 | 34.300 | 43.100 |
1796-1800 | 108.700 | 45.100 | 36.200 | 27.400 |
1801-1805 | 117.900 | 50.100 | 36.300 | 31.500 |
1806-1810 | 123.500 | 58.300 | 39.100 | 26.100 |
1811-1815 | 139.400 | 78.700 | 36.400 | 24.300 |
1816-1820 | 188.300 | 95.700 | 34.300 | 58.300 |
1821-1825 | 181.200 | 120.100 | 23.700 | 37.400 |
1826-1830 | 250.200 | 176.100 | 47.900 | 26.200 |
1831-1835 | 93.700 | 57.800 | 16.700 | 19.200 |
1836-1840 | 240.600 | 202.800 | 15.800 | 22.000 |
1841-1845 | 120.900 | 90.800 | 21.100 | 9.000 |
1846-1850 | 257.500 | 208.900 | 45.000 | 3.600 |
1851-1855 | 6.100 | 3.300 | 1.900 | 900 |
Por outro lado, o crescimento da população de afro-brasileiros foi relativamente pequeno em comparação com a entrada de escravos da África subsaariana. Primeiro porque as mulheres eram apenas cerca de 10% dos escravos traficados para o Brasil. Segundo, porque a mortalidade era muito maior entre os escravos do que entre o resto da população brasileira. Em certos momentos da História do Brasil, o crescimento da população de afro-brasileiros deveu-se somente ao crescimento do tráfico de escravos. A população de afro-brasileiros cresceu com força com a melhoria de tratamento dos escravos que ocorreu depois do fim do tráfico com a Lei Eusébio de Queirós de 1850.
Em 1800, estima-se que os negros eram cerca de 47% da população, contra 30% de mulatos e 23% de brancos. Em 1872, os afro-brasileiros (negros e mulatos) eram cerca de 60% da população (seis milhões de pessoas) e os brancos apenas 37%. Em 1890, os afro-brasileiros constituíam 57% da população brasileira (oito milhões) e os brancos apenas 43%.
Essa situação se inverteu no final do século XIX. Em 1880, os negros estavam reduzidos a cerca de 20% da população, contra 42% de mulatos e 38% de brancos. Com a entrada do século XX, os afro-brasileiros deixaram de representar a maioria da população. Em 1950, os afro-brasileiros constituíam 38% da população e os brancos subiram para 62%[13].
Os fatores que contribuíram para a brusca diminuição no número de negros e mulatos foram diversos. Primeiro, houve a grande imigração européia no Brasil em fins do século XIX e início do século XX. Segundo, a mortalidade era bem maior entre os afro-brasileiros que, em geral, não tinham acesso à boa alimentação, saneamento básico e serviços médicos. Finalmente, a miscigenação entre brancos e mestiços cresceu gerando um grande número de pessoas fenotipamente brancas.
Referindo-se à diminuição de negros na população brasileira, João Batista de Lacerda, único latino-americano a apresentar um relatório no I Congresso Universal de Raças, em Londres, no ano de 1911, escreveu que: "no Brasil já se viram filhos de métis apresentarem, na terceira geração, todos os caracteres físicos da raça branca[...]. Alguns retêm uns poucos traços da sua ascendência negra por influência dos atavismo(...) mas a influência da seleção sexual (...) tende a neutralizar a do atavismo, e remover dos descendentes dos métis todos os traços da raça negra(...) Em virtude desse processo de redução étnica, é lógico esperar que no curso de mais um século os métis tenham desaparecido do Brasil. Isso coincidirá com a extinção paralela da raça negra em nosso meio".
Evolução da população brasileira segundo a cor - 1872/1991 | |||||||
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Cor | 1872 | 1890 | 1940 | 1950 | 1960 | 1980 | 1991 |
Total | 9.930.478 | 14.333.915 | 41.236.315 | 51.944.397 | 70.191.370 | 119.011.052 | 146.521.661 |
Brancos | 3.787.289 | 6.302.198 | 26.171.778 | 32.027.661 | 42.838.639 | 64.540.467 | 75.704.927 |
Pretos | 1.954.452 | 2.097.426 | 6.035.869 | 5.692.657 | 6.116.848 | 7.046.906 | 7.335.136 |
Pardos | 4.188.737 | 5.934.291 | 8.744.365 | 13.786.742 | 20.706.431 | 46.233.531 | 62.316.064 |
Amarelos | ... | ... | 242.320 | 329.082 | 482.848 | 672.251 | 630.656 |
Sem declaração | ... | ... | 41.983 | 108.255 | 46.604 | 517.897 | 534.878 |
A política de imigração brasileira no século XX não era somente um meio de colonizar e desenvolver, mas também de "civilizar" e "embranquecer" o país com população européia. O decreto no 528 de 1890, assinado pelo presidente Deodoro da Fonseca e pelo ministro da Agricultura Francisco Glicério determinava que a entrada de imigrantes da África e da Ásia seria permitida apenas com autorização do Congresso Nacional. O mesmo decreto não restringia, até incentivava, a imigração de europeus. Até ser revogado em 1907, este decreto praticamente proibiu a imigração de africanos e asiáticos para o Brasil[14]. Apesar de necessitar muito de mão-de-obra pouco qualificada em vários momentos históricos, depois do fim do tráfico de escravos para o Brasil nunca se pensou em trazer imigrantes livres da África.
- Distribuição geográfica
Desde os tempos coloniais, há uma distribuição irregular da população de afrodescendentes no Brasil. Atualmente, porém, pode-se encontrar populações negras e pardas em todas as regiões brasileiras.
Depois da região nordeste, a região sudeste tem o maior número de afrodescendentes, seguida pelo Centro-Oeste. A região sul tem o menor número de afrodescendentes.
As regiões norte e nordeste abrigam a maior concentração de pessoas que se declaram pardas. Todavia, no caso da região norte, a maior parte dos pardos são de origem indígena, enquanto que, na região nordeste, a maior parte dos pardos são origem africana.
Os estados com maior porcentagem de afrodescendentes são a Bahia, com 13% de pretos e 60,1% de pardos, o Maranhão com 9,6% de pretos e 62,3% de pardos, e Alagoas com 5% de pretos e 59,5% de pardos. O estado de Santa Catarina tem a menor porcentagem de afrodescendentes: apenas 8,5% dos seus habitantes se declaram negros ou pardos.
Miscigenação
Além da imigração européia do final do século XIX e início do século XX, um dos fatores que causaram a diminuição da população negra no Brasil foi a intensa miscigenação[15] entre brancos e negros que ocorreu desde o início do tráfico negreiro. A reduzida população de mulheres brancas acabou por acarretar um grande número de relacionamentos entre portugueses e africanas, assim como tinha acontecido no início da colonização entre portugueses e ameríndias. Alguns mulatos eram alforriados e, em grupos mais restritos, educados, todavia, a maioria deles continuava a ser escrava. Esse fenômeno não foi exclusivo da América Portuguesa, tendo ocorrido em toda a América Latina e, em menor escala, na América do Norte. A partir do século XIX, também tornaram-se mais comuns relacionamentos entre mulheres brancas e homens negros.
Também houve a miscigenação entre os africanos e os indígenas brasileiros, cujos descendentes são denominados cafuzos.
- Pesquisas genéticas
Estudos genéticos demonstraram que cerca de 45% dos brasileiros possuem 90% ou mais de genes africanos subsaarianos; e que cerca de 86% dos brasileiros possuem 10% ou mais de genes africanos subsaarianos[16].
Uma recente pesquisa genética, encomendada pela BBC Brasil, analisou a ancestralidade de 120 brasileiros auto-declarados negros que vivem em São Paulo[17]. Foram analisados o cromossomo Y, herdado do pai, e o DNA mitocondrial, herdado da mãe. Ambos permanecem intactos através de gerações porque não se misturam com outros materiais genéticos do pai ou da mãe, salvo raras exceções de mutação. O DNA mitocondrial de cada pessoa é herdado da sua mãe, e esta o herdou do ancestral materno mais distante (a mãe da mãe da mãe etc). Já o cromossomo Y, presente apenas nos homens, é herdado do pai, e este o herdou do ancestral paterno mais distante (o pai do pai do pai etc).
Miscigenação racial dos brasileiros negros[18] (valores arredondados) | ||
---|---|---|
Origem | Lado | Porc.(%) |
África subsaariana | Materno (DNAmt) | 85% |
Paterno (Cromossomo Y) | 48% | |
Européia | Materno (DNAmt) | 2,5% |
Paterno (Cromossomo Y) | 50% | |
Ameríndia | Materno (DNAmt) | 12,5% |
Paterno (Cromossomo Y) | 1,6% |
Miscigenação racial dos brasileiros brancos[16] (valores arredondados) | ||
---|---|---|
Origem | Lado | Porc.(%) |
África subsaariana | Materno (DNAmt) | 29% |
Paterno (Cromossomo Y) | 2% | |
Européia | Materno (DNAmt) | 38% |
Paterno (Cromossomo Y) | 98% | |
Ameríndia | Materno (DNAmt) | 33% |
Paterno (Cromossomo Y) | 0% |
Os resultados desta pesquisa mostraram que o cromossomo Y de cerca de 50% dos negros analisados originava-se de um antepassado que veio da Europa e 48% de um que veio da África subsaariana. Já o DNA mitocondrial dos negros e negras analisados mostrou que 85% originavam-se de uma antepassada da África subsaariana e 12,5% de uma Ameríndia.[19].
População branca com 10% ou mais de genes africanos subsaarianos[16] | |||
---|---|---|---|
Região | Porc.(%) | ||
Brasil - Norte, Nordeste e Sudeste | 75% | ||
Brasil - Sul | 49% | ||
Estados Unidos | 11% |
Portanto, os brasileiros negros estudados mostraram que pelo lado paterno descendem tanto de europeus quanto de africanos subsaarianos, embora pelo lado materno sejam em grande parte descendentes de africanas subsaarianas (85%). Nota-se também que uma parte considerável (12,5%) de negros auto-declarados são descendentes pelo lado materno de pelo menos uma ancestral Ameríndia.
A mesma pesquisa genética efetuada à pedido da BBC também analisou a ancestralidade de afro-brasileiros famosos. O resultado surpreendeu ao mostrar que pessoas auto-classificadas e consideradas negras perante à sociedade apresentam alto grau de ancestralidade européia. Alguns resultados obtidos foram:
- Daiane dos Santos, atleta : 40,8% de genes europeus, 39,7% da África subsaariana e 19,6% ameríndios[20];
- Neguinho da Beija-Flor, sambista : 67% de genes europeus e 32% da África subsaariana[21];
- Ildi Silva, atriz : 71,3% de genes europeus, 19,5% de genes da África subsaariana e 9,3% ameríndios[22];
- Sandra de Sá, cantora : 96,7% de genes da África subsaariana[23];
- Milton Nascimento, compositor e canto : 99,3% de genes da África subsaariana[24].
Pesquisas genéticas demonstraram que brasileiros brancos também são resultado de intensa miscigenação e, como esperado, que o ancestral não-europeu está mais comumente do lado materno. Surpreendentemente, as mesmas pesquisas também mostraram que os brasileiros brancos são resultado mais da miscigenação com ameríndias do que com africanas subsaarianas, embora a diferença seja pequena.
As mesmas pesquisas genéticas demonstraram que a miscigenação tem sido muito mais freqüente nos brasileiros brancos do que nos estadunidenses brancos.
Influências na cultura brasileira
Religião
Os escravos trazidos da África geralmente eram imediatamente batizados e obrigados a seguir o Catolicismo. A conversão era apenas superficial e as religiões de origem africana conseguiram permanecer, geralmente através de prática secreta. Algumas Religiões Afro-Brasileiras ainda mantém quase que totalmente as suas raízes africanas, como é o caso do Candomblé e Xangô do Nordeste, outras formaram-se através do sincretismo religioso como o Batuque, Xambá e Umbanda.
O sincretismo manifesta-se igualmente pela tradição de batizar os filhos e casar-se na Igreja Católica mesmo quando segue-se abertamente uma religião afro-brasileira.
No Brasil, a própria prática do Catolicismo tradicional tem influências africanas que se revelam no culto de santos de origem africana como São Benedito, Santo Elesbão, Santa Efigênia e Santo Antônio de Noto (Santo Antônio do Categeró ou Santo Antônio Etíope); no culto preferencial de santos facilmente associados com os orixás africanos como São Cosme e Damião (ibejis), São Jorge (Ogum no Rio de Janeiro), Santa Bárbara (Iansã); na criação de novos santos populares como a Escrava Anastácia; e em rezas e festas religiosas (como a lavagem das escadarias da igreja do Senhor do Bonfim em Salvador, Bahia).
As igrejas pentencostais do Brasil, que combatem as religiões de origem africana, na realidade têm várias influências destas como se nota em práticas como o batismo do Espírito Santo e crenças como a de incorporação de entidades espirituais (vistas como maléficas). Enquanto o Catolicismo nega e existência de orixás e guias, as igrejas pentencostais acreditam na sua existência, mas como formas de demônios.
Segundo o IBGE, 0,3% dos brasileiros declaram seguir religiões de origem africana, embora um número maior de pessoas sigam essas religiões de forma reservada.
- Religiões afro-brasileiras
- Babaçuê - Pará
- Batuque - Rio Grande do Sul
- Cabula - Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina.
- Candomblé - Em todos estados do Brasil
- Culto aos Egungun - Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo
- Culto de Ifá - Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo
- Macumba - Rio de Janeiro
- Omoloko - Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo
- Quimbanda - Rio de Janeiro, São Paulo
- Tambor-de-Mina - Maranhão
- Terecô - Maranhão
- Umbanda - Em todos estados do Brasil
- Xambá - Alagoas, Pernambuco
- Xangô do Nordeste - Pernambuco
- Confraria
- Irmandade
- Sincretismo
Culinária
A cozinha brasileira deriva em grande parte da cozinha africana, mesclada com elementos da cozinha indígena e portuguesa.
A culinária baiana é a que mais demonstra a influência africana nos seus pratos típicos como vatapá e moqueca.
A feijoada é considerado o prato nacional do Brasil. É basicamente a mistura de feijões pretos e carne de porco. Começou, certamente, quando escravos negros tentaram reproduzir pratos típicos da culinária portuguesa da região do Porto que misturavam feijão branco com carne de porco. Os escravos negros modificaram a receita, pois só tinham acesso a feijões pretos, partes rejeitadas do porco que eram salgadas (pés, rabos, orelhas) e carne-seca. A feijoada é acompanhada pela farofa, prato a base de farinha de mandioca, com origem indígena.
Capoeira
Capoeira é uma arte marcial criada por escravos negros no Brasil durante o período colonial. Conta-se que os escravos diziam aos senhores que era apenas uma dança e, então, o treino era permitido. Assim, a capoeira é sempre praticada com instrumentos de percussão, música cantada, dança e, em algumas versões, acrobacias.
A capoeira é marcada por movimentos que enganam o oponente, geralmente feitos no solo ou completamente invertidos.
Recentemente, a capoeira tem sido bastante popularizada, sendo até o tema de vários jogos de computador e filmes. Freqüentemente é mencionada na música popular brasileira.
Música e dança
A música criada pelos afro-brasileiros é uma mistura de influências de toda a África subsaariana com elementos da música portuguesa e, em menor grau, ameríndia, que produziu uma grande variedade de estilos.
A música popular brasileira é fortemente influenciada pelos ritmos africanos. As expressões de música afro-brasileira mais conhecidas são o samba, maracatu, ijexá, coco, jongo, carimbó, lambada e o maxixe.
Como aconteceu em toda parte do continente americano onde houve escravos africanos, a música feita pelos afro-descendentes foi inicialmente desprezada e mantida na marginalidade, até que ganhou notoriedade no início do século XX e se tornou a mais popular nos dias atuais.
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